Na noite da última sexta-feira, em sessão solene, a Câmara Municipal de Caraguatatuba concedeu o título de Cidadão Caraguatatubense ao Sr. Miguel de Andrade, pelos relevantes serviços prestados ao município.
Familiares e amigos vieram prestigiar a homenagem, que seu deu por meio do Decreto Legislativo de nº 401, de 1 de novembro de 2018, de autoria do vereador Evandro do Nascimento (Vandinho), que foi aprovado pelo Legislativo Municipal por unanimidade.
Nascido no Município do Guarujá em 10 de março de 1964, Miguel sempre teve laços profundos e raízes fortes que fizeram sua história de vida sempre se voltar para Caraguatatuba, sendo neto de Benedito Marcondes Sodré, caiçara legítimo da cidade, da praia da Mococa, que se mudou para o Guarujá aos 14 anos, sendo um grande influenciador dos hábitos e costumes de Miguel que se lembra de seu avô e pai de criação, como uma das maiores referências para sua formação.
Dona Odete Marcondes Sodré, descendente de índios guaranis, da região da Boracéia, não hesitou esforços para deixar um manto de esperança para sua filha Idalina Marcondes Sodré, mãe de Miguel, para que ela pudesse ter força e coragem constante na criação de seu filho, acolhendo-os, tanto filha quanto neto, nos desafios que a vida lhes reservava.
Miguel aportou pela primeira vez em Caraguatatuba em 1979, acompanhado dos avós para conhecer a família que o patriarca havia deixado aos 14 anos. Aqui visitando aos 15 anos seus familiares, conheceu Vanderleia Alves dos Santos, e a partir deste encontro surgiam lampejos de olhares que foram determinantes para as fases que se seguiram de namoro e casamento, nas idas e vindas do Guarujá. Mudaram se definitivamente para Caraguatatuba, estabelecendo-se na Praia do Massaguaçu, seu reduto de história familiar, e casou-se com 21 anos. Desse matrimônio nasceram suas três filhas: Michely, Milena e Mirely.
Em Caraguá dedicou-se ao trabalho, muitas vezes se valendo de alguma experiência como garçom, mas foi na atividade pesqueira, por tudo que pôde aprender com seu avô, que se debruçou para ganhar a vida e ampliar seus conhecimentos e, quem sabe, para sua vocação e potencial para o mar.
Com o passar do tempo, Miguel se valia dos turistas conhecerem o Litoral, aproveitando com isto para demonstrar intuitivamente tudo o que podia caracterizar um guia turístico.
Miguel além de hábil pescador, sempre participou das corridas tradicionais de canoa a remo e a pano, marcando sua história em Caraguatatuba, remando e transportando farinha da fazenda da Mococa, saindo das Galetas da Tabatinga, passando pela Ponta Aguda, com remo sempre firme à mão, porém aguardando sempre o vento de leste para abrir o pano e levar os caiçaras com a mercadoria à bordo, até o bairro de São Francisco, em São Sebastião.
Além do mar, sua vida na terra é marcada pelas iniciativas sociais e religiosas. Enquanto pescador e morador do Massaguaçu faz parte da Associação dos Pescadores da Praia da Cocanha. É membro da Diretoria de Frente da Colônia de Pesca Benjamim Constant - Z 8, de Caraguatatuba, onde atua como Tesoureiro. É também Diretor de Pesca da APA Marinha, das quatro cidades do Litoral Norte, instituições nas quais sua emérita e genuína contribuição é notória.
Dotado de uma senioridade sobre as tradições e cultura caiçara, Miguel é referência para outros municípios, e muitas vezes é convidado para divulgar as tradições caiçaras e tudo que possa remeter à pesca, além de participar como expositor em feiras de artesanato, divulgando a arte e costumes.
Vive, juntamente com sua esposa, Vanderléia, evangelista e Missionária, como ele, do artesanato de conchas fazendo disto um dos meios de subsistência para sua família.